A nossa atual dificuldade com o controle do tempo de telas é algo que, mesmo antes dos telefones celulares, já era uma preocupação. Antigamente, a atenção estava voltada para a televisão e os desenhos infantis. Houve uma grande preocupação com o vício das crianças que passavam horas assistindo TV, além do impacto do conteúdo apresentado em séries e desenhos. Desde sempre, temos nos preocupado com a influência da tecnologia na vida das crianças.
Hoje, a problemática assume uma nova forma. As televisões ficaram mais compactas, os jogos online e outros serviços estão ao alcance de todos, e ainda temos as redes sociais, vídeos, filmes e um mundo quase infinito de informações.
Junto ao desenvolvimento da tecnologia, também é importante a nossa adaptação a ela. A cada avanço, precisamos encontrar equilíbrio para não nos tornarmos dependentes. Isso é verdadeiro para nós, adultos, mas ainda mais para crianças e adolescentes.
Pense: se nós, adultos, já temos dificuldades em lidar com o vício em telas, imagine uma criança em pleno desenvolvimento. Uma criança sem limites para o tempo de telas pode rapidamente se tornar dependente. Os riscos desse excesso são claros: falta de atenção, dificuldade em manter o foco até mesmo em tarefas simples, e pouca motivação para se engajar em atividades que exijam maior esforço.
Além disso, o uso excessivo de telas pode comprometer o convívio social, que é fundamental para o desenvolvimento de habilidades interpessoais e para a descoberta de si mesma por meio das brincadeiras com amigos.
Outro ponto de atenção é o perigo das redes sociais. Hoje em dia, quase todos têm acesso a essas plataformas, muitas vezes sem restrições. Recentemente, o youtuber Felca destacou os riscos relacionados aos conteúdos e algoritmos, que podem ser prejudiciais. Mas, além disso, há ainda a presença de predadores online, muitas vezes em jogos aparentemente inocentes. Sem a supervisão dos pais, a criança pode ser exposta a pessoas com más intenções.
Também já foram registrados inúmeros casos de cyberbullying, além da exposição precoce a conteúdos que distorcem crenças e valores, muitas vezes inadequados para a idade.
Por isso, é fundamental que nós, como adultos, pais, avós, tios e professores , estejamos atentos ao papel da tecnologia no dia a dia das crianças.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) faz as seguintes recomendações para o tempo de tela:
- Evitar totalmente o uso de telas para crianças menores de 2 anos.
- Limitar a, no máximo, 1 hora por dia para crianças de 2 a 5 anos.
- Permitir até 2 horas diárias para crianças de 6 a 10 anos.
- A partir dos 11 anos, o limite deve ser de no máximo 3 horas por dia.
Gabriel Siqueira – Psicólogo . CRP: 09/21473